Pesquisadores do Paraná usam Inteligência Artificial para combater a ferrugem da soja
A ferrugem da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é uma das principais ameaças à produção de soja no Brasil. Essa doença ataca as folhas da planta e já provocou significativas perdas nas safras anteriores. Diante desse cenário, um grupo de pesquisadores do Paraná, liderado pelo professor Marcelo Giovanetti Canteri, do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), está utilizando Inteligência Artificial (IA) para monitorar e combater essa praga de forma mais eficiente.
O papel do Centro de Inteligência Artificial no Agro (Ciagro)
O Ciagro, que reúne profissionais de diferentes instituições paranaenses, desenvolve tecnologias inovadoras voltadas para o campo. Atualmente, eles coordenam um projeto em parceria com o Departamento de Computação da UEL, focado no uso de IA para o monitoramento da ferrugem da soja, dentro do programa denominado Alerta Ferrugem.
Armazenamento e monitoramento efetivo de dados
O projeto inclui a instalação de mais de 200 coletores de esporos espalhados por regiões agrícolas do Paraná. Estes dispositivos, chamados de armadilhas, capturam os esporos do fungo presentes no ar. Tradicionalmente, os pesquisadores precisavam acessar essas armadilhas pessoalmente para verificar a presença dos esporos e, em seguida, analisá-los sob um microscópio. No entanto, com a implementação da IA, a identificação dos esporos pode ser feita automaticamente, sem a necessidade de deslocamento, otimizando assim o tempo e os recursos dos pesquisadores.
Redução no uso de fungicidas
A utilização de IA não só melhora a eficiência do monitoramento, mas também contribui para a diminuição do uso de fungicidas, com potencial de reduzir em até 35% as aplicações necessárias. Isso significa menores custos para os produtores rurais e um impacto ambiental reduzido. O coordenador estadual do projeto de Grãos Sustentáveis do IDR-Paraná, Edivan Possamai, ressalta a importância desta inovação: “Com esse trabalho, conseguimos oferecer aos agricultores uma ferramenta que auxilia na tomada de decisões.”
O impacto da resistência do fungo
A ferrugem da soja não é apenas uma praga comum; ela vem se tornando cada vez mais resistente aos fungicidas usados atualmente, o que torna essencial o desenvolvimento de novas estratégias de combate. A automatização na observação dos fatores que influenciam a doença — como a planta, as condições climáticas e a presença do fungo — permitirá um manejo mais eficaz. O Ciagro está atualmente integrando dados sobre clima, cultivo e infestação de fungos para fornecer informações mais rápidas e precisas aos agricultores.
Agilidade na coleta e análise de dados
Com a eficiência proporcionada pela IA, a obtenção de dados climáticos que antes levava até duas semanas agora ocorre em apenas dois dias. Essa agilidade ajuda a alimentar alertas e informações sobre a dispersão da ferrugem, permitindo que os produtores tomem ações preventivas de forma mais rápida.
Conclusão
O desenvolvimento e a implementação de tecnologias baseadas em Inteligência Artificial no combate à ferrugem da soja marcam uma nova era na agricultura paranaense. Este projeto não só melhora a rentabilidade dos agricultores, mas também contribui para a sustentabilidade da produção agrícola no estado. Além disso, os insights obtidos por meio da IA têm o potencial de serem aplicados em outras regiões e culturas, ampliando os benefícios desta pesquisa inovadora. O futuro da agricultura depende da adaptação e incorporação de tecnologias que ajudem a enfrentar os desafios do campo.
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